Aqui o dia-a-dia em “Las Rutas” de Uruguai,  Argentina, Chile e Paraguai.

Hasta el fin del mundo!!!

 

 

26/12/10 – Depois de 10 anos planejando, hoje coloco o pé na estrada rumo a Ushuaia e Deserto de Atacama.

 

Belo Horizonte – Curitiba

Km Rodados – 1.037

 

Debaixo de chuva, deixo BH às 6:30 da manhã e encontro com Bolão, Cecy e Marli no trevo de Oliveira. A chuva dá uma trégua até SP, mas depois volta com tudo e só pára quando chegamos em Curitiba.

 

27/12 – Corrente quebra

 

Curitiba – Tubarão/SC

Km Rodados – 436

Km acum – 1.473

 

Só falta essa, em Tubarão/SC a corrente da minha moto solta a 125 km/h, por sorte não fui ao chão. Sabe com é, tanto preparo  e logo no segundo dia, de repente tudo pode acabar ali. Mas logo pude sentir a solidariedade e o companheirismo dos meus amigos, me deram apoio total e logo já estava em uma oficina.

Várias peças ficaram  totalmente danificadas, inclusive a balança. O cara fez o que pode, trocou o Kit relação, mas as outras peças não as encontrei na cidade. Mesmo com a balança empenada, dá para seguir até Porto Alegre, a 320 km, onde tem mais recursos.

 

 

28/12 – Não há peças em Porto Alegre

 

Tubarão/SC – Chui/RS

Km Rodados – 855

Km acum – 2.332

 

Decepção!!! Uma cidade do tamanho de Porto Alegre,  na maior concessionária Yamaha não encontrei as peças. Recursos agora é só em Buenos Aires. Vamos seguir assim mesmo.

 

A maior curtição hoje foi passar pela Reserva do Tain, irresistível não parar e tirar umas fotos. Uma quantidade impressionante de bichos e para não atropelá-los, a velocidade máxima permitida é de 40 km/h.

No Chui, difícil foi arrumar hotel, dormimos numa “espelunca”. Estrada, na moto,  é assim mesmo,  não há muita escolha, muito cansaço, o primeiro hotel que achar, seja bom ou ruim, tem que ser esse.    Um dia se dorme bem, outro, com sorte, pode encontrar um bom hotel.

 

 

 

29/12 – Passagem rápida por Punta Del Este e Montevideu

                                                                                                                     

Chui – Buenos Aires

Km Rodados – 436

Km acum – 2.893

 

Impressionante como esta cidade de Punta Del Este é linda.  O Cassino Conrad parece mais uma cidade. 

 

 

 

30 e 31/12 – Ano novo em Buenos Aires

 

Buenos Aires

Km Rodados  - As motos ficaram na garagem os dois dias.

Km acum – 2.893

 

Nova surpresa, não encontrei peças também em Buenos Aires, perdi a paciência, não quero mais falar sobre isso, vou seguir assim mesmo.

 

Vamos fazer festa. Assistir à queima de fogos em Porto Madero foi um presente de passagem de ano, sem igual, não estava no planejamento. Mas valeu muito!!!

 

Buenos Aires – Bahia Blanca

Km Rodados – 710

Km acum – 3.603

 

A Ruta 03 nos leva de Buenos Aires até o destino, Ushuaia. Temos notícia que há um trecho de 250 km de  “Ripio”, um cascalho muito ruim, com pedras grandes e redondas, que pode nos levar ao chão num descuido qualquer.

Pegamos a estrada logo cedo, e calor é insuportável, 41 graus.

Outra coisa que nos preocupa é o vento lateral vindo atlântico. Toda região é muito plana e facilita o vento atingir velocidades impressionantes, muito já morreram por aqui, inclusive de carros. Vamos rezar para  que nada nos aconteça.

A Expedição, para mim, começa aqui. A alegria contagia a todos, o astral realmente mudou depois de Buenos Aires. Ushuaia nos espera a 3.400 km, 4 dia e estaremos todos lá.

 

 

02/01 – Entramos na Patagônia - Calor de 41 graus

 

Bahia Blanca – Puerto Madryn

Km Rodados – 728

Km acum – 4.331

 

Hoje entramos na Patagônia argentina. Não imaginava nunca que iríamos sofrer tanto com o clima quente de 41 graus. Em tudo que pesquisei não encontrei informações  sobre temperatura tão alta. Pilotar fica estressante, postos de gasolina fica muito distante, até 250 km. Levar água, não funciona, esquenta logo e fica impossível beber. Mascar chicletes é a solução.

 

 

03/01 – O clima muda

 

Puerto Madryn – Puerto San Julian (Argentina)

Km Rodados – 869

Km acum – 5.201

 

Quanto mais aproximamos de Ushuaia, mais longos são os dias e a temperatura cai. Hoje o sol nasce às 5:46 e se põe às 21:01. Fica ótima para andar, temos um dia com mais de 15 horas. Outra coisa ótima, a chuva ficou no Brasil, depois que o saímos, até agora somente sol.

Já podemos ver os primeiros Guanapos, um tipo de Lhama, habitante mais freqüente da Patagônia. Há que se ter um cuidado extremo, esse bicho pode pular a qualquer momento na sua frente. Vi mais de 50 mortos, vítima de acidentes, tudo isso mesmo.

 

 

04/01 – Cruzamos o Estreito de Magalhães

 

Puerto San Julian(argentina) – Cerro Sombrero (Chile)

Km Rodados – 536

Km acum – 5.737

 

Onde Vento faz a curva - Passamos por Rio Gallegos para manutenção nas motos. Essa cidade  é conhecida como cidades dos ventos", devido às freqüentes massas polares oriundas da Antardica que passam pela cidade onde o relevo é plano e o clima  seco. A partir daqui o vento é o nosso maior inimigo, mal conseguimos passar dos 60 km/h e a sensação que se tem é de uma velocidade a mais de 160 km/h, parece que estamos andando em pista com óleo, literalmente dançando. Segundo a Polícia Caminera de Comodoro Rivadávia, em outubro o vento pode chegar a 120 km/h, ai fica impossível transitar de moto.

Estreito de Magalhães – Até fazerem o Canal do Panamá, aqui era a única ligação do Pacífico com o Atlântico. Onde atravessamos tem uma largura de 4,4 km e é custo zero, para qualquer veículo, bancado pelo Governo Chileno.

Aduanas – A Ruta 3 é interrompida na fronteira com o Chile, primeira aduana, quase 2, andamos 206 km dentro do Chile e nova Aduana para voltarmos para a Argentina, um saco.

Primeiro trecho de Rípio  - Desde a fronteira com o Uruguai, nenhum trecho de terra na Argentina, nesse quesito temos que tirar o chapéu para los hermanos, estrada espetacular, nenhum buraco, extremamente bem sinalizada, de tão boa até estressa e dormir pilotando é fácil, a solução é mascar chicletes, parar vez ou outra e correr um pouco, isso mesmo dar umas voltas ao redor da moto, pessoas passam e pensam que estou ficando maluco.

Eis que chega o rípio do lado do Chile, é um tipo de cascalho, só que com pedras redondas, se não tiver muito cuidado, é tombo certo. A dica é seguir a trilha dos carros e atenção nas curvas. Por sorte nossa esse trecho e de excelente qualidade, desenvolvi 11º km/h, Bolão em sua BM, disse-me que chegou a 160, acreditei, pois não posso ficar sem o amigo nesse fim de mundo.

 

05/01 – Um dia para não esquecer jamais

 

Cerro Sombrero (Chile) – Ushuaia(Argentina)

Km Rodados – 430

Km acum – 6.167

 

Desde Buenos Aires a paisagem é a mesma, uma planície só, pampas, não há floresta. Quando não tem cultura, tem uma vegetação rasteira que não passa de 1 m. Mas a 100 km antes de Ushuaia, somos presenteados por uma beleza sem igual. Rios, lagos, florestas, animais. Quisera ser eu o poeta para poder expressar a emoção que senti. Ushuaia está ali, faltam 90, 80, 70, 60 km, pressa para que, foram 10 anos esperando por esse dia mágico, não me contive e chorei, chorei no “clímax” da expedição,  como chorei, copiosamente, em 2.000 ao subir os Andes, via Aconcágua. Quem estava comigo nesses dois momentos? Bolão, ele fez parte dessas emoções, um companheiro, um amigo, um valente guerreiro. Obrigado Bolão por compartilhar comigo esses dois momento áureos do projeto “Caminhos do Mundo”.  

Foram 3 h para cruzarmos esses últimos 100 km. Em fim Ushuaia, dia 05 de janeiro de 2010, às 16:40 h.

Informação aos Tigres, Cecy, Célio e esposas chegaram à noite, logo depois de nós

 

06/01 – Tour em Ushuaia

 

Ushuaia - Ushuaia

Km Rodados – Motos na garagem

Km acum – 6.167

 

O sonho de qualquer motociclista de todo mundo é chegar um dia a Ushuaia, última cidade da America do Sul, a 900 km da Antártica.  Não pode deixar de conhecer o Parque Nacional de Ushuaia e depois pegar um Catamarã e ver Pinguins e Lobos Marinhos a  2 h da cidade. Depois falo mais sobre esse dia.

 

 

07/01 – Despedida de Ushuaia

 

Ushuaia – El Esperanza

Km Rodados – 779

Km acum – 6.946

 

Debaixo de chuva e temperatura de 4 graus, eu e Bolão deixamos Ushuaia. Nossos amigos ficaram aqui, depois seguem de volta para o Brasil, via Foz do Iguaçu. Vamos rumo ao Deserto de Atacama.

 

08/01 – A beleza do Glacial Perito Moreno

 

El Esperanza – El Calafate

Km Rodados – 323

Km acum – 7.269

 

No fim dos Andes fica um paraíso de montanhas, lagos e glaciares, povoado de criaturas extraordinárias. Uma espécie de Arca de Noé, encalhada nas águas frias do extremo sul do Chile e divisa com a Argentina. A última fronteira, para quem procura a natureza no seu estado mais puro.

E El Calafate está aqui.Ela é dessas cidades que encanta à primeira vista e é para não esquecer jamais. Tudo impecavelmente organizado, limpo e bonito. Não podemos deixar de conhecer o Parque Nacional Los Glaciales Perito Moreno. Única geleira que se mantem estável, o que perde no verão, recupera-se no inverno. O tamanho dessa geleira é impressionante, tem  257 km2, do tamanho de Buenos Aires, a altura fora d´agua é de 60 m e dentro é de 140 m, altura total de 200 m. Aproveito para tomar um Whisky com um pedaço de gelo da geleira, acho que não vai fazer falta.

 

 

09/01 – Minha corrente se rompe pela segunda vez

 

El Calafate – Comodoro Rivadávia

Km Rodados – 1.032

Km acum – 8.301

 

A Ruta 40 seria a estrada lógica a ser tomada com destino à Bariloche se não fosse uns 350 km de puro rípio. Bolão, filho criado com vovó, frango de granja... kkkkk...não topa a parada e propõe voltar a Rio Gallego e fugir do Rípio, uma volta de 465 km.

Parece que Bolão estava adivinhando, minha corrente quebra de novo depois de 900 km andados, imagina de fosse no Rípio? 5 minutos depois somos socorridos por uma Vã que, apesar de domingo, nos deixou em uma oficina (Não me cobrou nada). O cara fez um “quebra galho” só para chegar a Comodoro.

 

 

 

10/01 – Do calor de 35ºC ao clima gélido dos Andes

 

Comodoro Rivadávia – Esquel

Km Rodados – 596

Km acum – 8.897

 

Às 12:30 h, de corrente nova, vamos a Bariloche. Mas me sinto meio “deprê”. Hoje está sendo o pior dia na estrada. Não me sinto seguro quanto ao serviço do mecânico, o vento lateral não pára, que hoje chegou a mais de 70 km/h, o que não permite velocidade maior que 55 km/h.

Mas depois de uns 400 km somos presenteados por uma paisagem fantástica. É a Cordilheira dos Andes mostrando sua cara, com apenas 900 m de altitude. Já podemos ver as primeiras montanhas com neve lá no cume. O vento dá uma trégua e aquela paisagem sombria e monótona dá lugar à outra de beleza sem igual. Daqui, passando por Bariloche, Osorno, Santiago, Deserto de Atacama, até a Província de Jujuy, no norte da Argentina, os Andes será nosso companheiro ilustre, serão mais de 4.000 km. Algo para não esquecer jamais.

Bem, com tudo isso não há “deprê” que resista. Alegre de novo, até esqueci-me da corrente.

 

Nota – Atenção para esse trecho de Sarmiento a Governador Costa, tem 251 km e não há posto. De Gov Costa  até Esquel, mais  227 km não havia posto de gasolina com nafta. Ou seja, 438 km sem abastecimento. Sorte nossa que trazíamos reserva na bagagem, mesmo assim tivemos que comprar 5 litros de um Taxista, com ágio de 130%.

 

 

11/01 – Deixamos  a Argentina, cruzamos os Andes rumo ao chile

 

Esquel(Argentina) – Osorno (Chile)

Km Rodados – 593

Km acum –  9.490

 

Deixamos a bela Esquel bem cedo, logo passamos por  Bariloche. Mas a vontade de chegar ao Chile era tanta que mal vimos Bariloche. Só dei uma passada rápida pelo Hotel Llao Llao para uma foto, e recordar um pouco bons momentos que tive com minha querida esposa, passamos lua de mel aqui. Depois da burocracia rápida de aduanas, logo já estávamos curtindo o visual maravilhoso dos Andes Chileno. Depois da descida, inicia outro visual encantador, os lagos e vulcões Chilenos.

Vamos dormir em Osorno, amanha cedo e seguir para Santiago.

 

12/01 – Hoje é meu niver. Na terra do vinho, vou comemorar com um bom Cabernet Souvignon.

 

Osorno (Chile) – Santiago

Km Rodados – 930

Km acum –  10.420

 

Em Puerto Montt, 90 km abaixo de Osorno-Chile, inicia a Ruta 5, a Internacional Carretera Panamericana e termina só no Canadá. Vamos por ela até o Atacama, em Antofagasta. Até Santiago, é uma Highway, maravilhosa. Alias, desde que saímos do Brasil, só andamos em ótimas estradas.

Na altura de Concepcion e Talca ainda podemos ver os sinais dos horrores do Terremoto que sacudiu essa região no ano passado. Ainda há rachaduras na pista e toda carretera está em obras. Detalhe, não há paradas por causa da obra.

Logo chegamos à região do Vale Del Maipo, Vale do Colchagua e Central. Aqui se produzem os melhores vinhos, como Concha y Toro e Cosiño Macul. E na terra do Vinho, não poderia comemorar meu aniversário, de outra forma senão com um bom Cabernet.

Colocamos os pés em Santiago e logo fomos procurados por um brasileiro que mora aqui há 17 anos, o José  Montti. 

 

13/01 – Manutenção nas Motos e tour em Santiago

 

Santiago - Santiago

Km Rodados – Motos na Garagem

Km acum –  10.420

 

Hoje o Zé Montti, que também é motociclista, ficou por nossa conta o dia todo, enriquecendo nosso tour a custo zero, o brigado Zé.

Aliás, o que mais me fascina na estrada é essa energia que une motociclistas do mundo todo, sem distinção de tamanho de moto, nação, poder econômico ou idade.  Pelas ruas de Santiago fomos abordados por Willie Condon, motociclista que mora no Alaska e está de passagem para o Ushuaia. Quando viu nossas motos logo nos procurou e depois de um bom papo, troca de e-mails e de telefone, fomos convidados a passar uns dias em sua casa, que fica perto da capital do Alaska, Anchorage. Em 2013 estarei lá com com certeza, e Bolão também.

 

 

 

 

14/01 – Pegamos a estrada rumo ao Deserto mais inóspito (Em que não se pode viver) do mundo, Atacama

 

Santiago - Chanaral

Km Rodados – 1.035

Km acum –  11.455

 

 

Estamos chegando ao Deserto de atacama. Tem cerca 50 mil km2, com 2.400 m de altitude, é o mais alto e seco do mundo, tornando-o extremamente árido. Por causa da altitude as nuvens descarregam antes de alcançarem o deserto.  A temperatura varia muito durante o dia. Na parte da manhã e tarde elas oscilam entre 25º e 32º C. Durante o período noturno, a temperatura cai bruscamente, atingindo até 25 graus negativos. Em função destas características climáticas, o deserto do Atacama é uma região inóspita (em que não se pode viver). Na região próxima a Chiuchiu, por exemplo, não chove há 10 mil anos. Já na Cidade de San Pedro de Atacama chove uma hora por ano, no mês de fevereiro. As dificuldades de sobrevivência do ser humano são muitas, tornando a região quase totalmente desabitada.
Há poucas cidades, a mais conhecida é São Pedro de Atacama, que é um dos 15 Oasis existentes no Deserto, com apenas 1.938 habitantes e é super visitadas por uma multidão de aventureiros como nós, mochileiros, fotógrafos, astrônomos, cientistas, pesquisadores.

Aqui também é  uma região produtora de cobre, tornando o Chile um dos maiores produtores desse metal.

Como Ushuaia, atacama também é o sonho de consumo de motociclistas do mundo inteiro, encontramos uma multidão por todo local onde passamos.

 

15/01 – Viva chegamos ao Atacama, o ápice da Espedição

 

Chanaral – San Pedro de Atacama

Km Rodados – 709

Km acum –  12.164

 

Pesquisas e pesquisas durante anos e mesmo assim o deserto surpreende. É desolador andar km e km o dia todo e não ver uma planta sequer, nem sombra, calor infernal e cidades tão distantes. E para piorar, sepulturas por toda extensão da estrada. Em 50 km contei 42 e tem umas que são verdadeiras igrejas.

Em cima da moto a sensação é de extrema insegurança e medo. Mas vencemos tudo isso e chegamos, chegamos ao ápice da expedição: San Pedro de Atacama.

 

 

16/01 – Geysers Del Tatio e Laguna Cejas (lagoa seca)

 

San Pedro de Atacama – San Pedro de Aracama

Km Rodados – Motos na garagem

Km acum –  12.164

 

Nesse hotel de R$35,00, levantamos às 3:30 h da madruga para vermos os Geysers, um frio de -13C, isso mesmo -13C, fui tomar banho e não havia água. Reclamei com o cara da recepção, sua resposta foi lacônica, óbvia e eu já esperava: “Você está no deserto”. A solução estava na minha bagagem. Levo sempre uma garrafa de 500 ml de mineral, deu para o banho e ainda sobrou para Bolão. Juntei todo o arsenal de blusas, luvas, gorros e fomos a campo.

 

Geysers Del Tátio – A uma altitude de 4.350 m está uma das melhores atrações aqui do Atacama. É um campo Geotérmico com erupções de águas quentes que atingem até 90C e formão colunas de fumaça, fumarolas como falam aqui, de até 40 m de altura. Para ver temos que chegar antes do sol nascer e o frio é de doer, a vontade que tenho é de colocar a mão na água, mas é queimadura certa. Nosso café da manhã foi ovos cozidos ali mesmo, o que não levou 4 minutos. Encontramos uma piscina natural que a água se divide em 50, 40 e 30C, ai fiz a farra.

De volta para San Pedro passamos em um lugar paradisíaco, o Povoado de Machuda e sua pequena Igreja, com apenas 200 habitantes. Por R$6,40 comemos churrasco de Lhama, uma delícia.  

 

Cactos Cardón -  O cactos Cardón do deserto dá uma única flor a cada 600 anos, tivemos a sorte de ver uma. Essa planta guarda, em média, 200 litros d’água em seu tronco e cresce somente um centímetro a cada ano, vi uma de 8 m de altura, com 800 anos então e morre quando completa 900 aninhos de vida.

 

 

Laguna Cejas (Lagoas secas) – Essa para mim foi “furada”. É uma lagoa em que, devido à grande concentração de sal, qualquer pessoa flutua inevitavelmente. Meti a cara e me dei mal. O sal nos meus olhos segou-me. Logo sai e, com o vento forte e o sol quente, a água evaporou da minha pele, instantaneamente, e fiquei totalmente branco de sal por todo o corpo. Todos levaram um galão de 5 litros d’água, eu não. Um cara ficou com dó e dividiu sua água comigo. Obrigado amigo!!!   

 

Salar de Atacama – Há tambem o deserto de sal, que para visitá-lo é bom não esquecer os óculos escuros. Há por todo lado que andamos, com até 1,5 m de espessura. É por isso que não nasce nada aqui, a não ser o Tamarugo. O maior salar tem 100 km de comprimento por 80 de largura, mas o maior mesmo está na Bolívia. Mas só o Chile guarda 30% do lítio do mundo nessas reservas de sal.

Quem diria que há vida por aqui? Há sim e muita. É só ir aos Oasis. A vida é abundante. Encontramos Flamingos, burros selvagens, cabritos, Vicunhas, Lhamas, pássaros diversos e o sempre presente Guanapo.

 

17/01 – Deixanos o Deserto

 

San Pedro de Aracama - El Galpon

Km Rodados – 676

Km acum –  12.840

 

 

 

Deixamos San Pedro de Atacama com destino a Salta, na Argentina. A Aduana Chilena está logo no final do Povoado, onde conhecemos um casal de motociclistas vindo do Canadá, mais um convite para 2013, quando irei ao Alaska.

Depois das burocracias de fronteira, começamos a subir a imponente e maravilhosa Cordilheira dos Andes.  A altitude sobe muito, meu GPS acusa 4.432 m, a temperatura cai a 4C segundo a BMW de Bolão e a falta de oxigênio faz minha moto andar a 55 km/h, no máximo. A beleza dos Andes é tanta que não resisto a fotos a cada curva, mas o simples gesto de descer ou subir na moto causa tonteira, falta de ar e dor de cabeça, é o chamado “Mal dos Andes”.  Foram 450 km nos Andes, dos quais 120 só de descida, curvas intermináveis, parecendo caracóis. 

Queríamos passar em Salta, terra de bons vinhos e do Trem nas Nuvens, mas este estava fechado, passamos direto e dormimos em El Galpon, uma cidadezinha charmosa, pequenininha e aconchegante.

 

18/01 – A maior reta do mundo

 

El Galpon - Asunción

Km Rodados – 996

Km acum –  13.834

 

Depois de 4 dias no deserto, o verde axuberante do norte da Argentina. Passamos pela maior reta do mundo, a carretera 16, com exatos 470 km, entre Jujuy e Resistência. A cada intervalo de 15 a 20 km há uma variante pela esquerda, é para quebrar a monotonia e acordar, questão de segurança.

Hoje tivemos nossa pior refeição da expedição, comemos uma costela duríssima na companhia de uma nuvem de mosquitos, tem-se que ser rápido no garfo e fechar a boca para não entrar mosquito.

A polícia Caminera me surpreendeu hoje. Fomos parados por duas vezes e ao sacarmos os documentos nos disseram: “Não queremos ver documentos, só admirar a beleza dessas motos” e pedem uma foto. Diferente de 2005, quando fui depenado por corruptos policiais perto de Buenos Aires.

Em Asuncion decepção total, calor de 38C, uma trânsito maluco, difícil hotel, ruas com calçamento irregular e homens armados por todo lado. Entramos no hotel e só saímos para irmos embora.

 

 

19/01 – Chegamos ao Brasil

 

Asunción – Foz do Iguaçu

Km Rodados – 335

Km acum –  14.171

Saudade de feijão com arroz e ouvir todo mundo falando português. Que alegria reencontrar nossos amigos Cecy e Marli. Aproveitamos para recordamos tudo, rir um pouco, ver fotos e tomar um trago. 

Agora só penso em abraçar minha família e amigos lá em Minas.

 

 

20/01 – Muita dor

 

Foz do Iguaçu – Foz do Iguaçu

 

Km Rodados – Motos na garagem

Km acum –  14.171

Hoje vou ficar descansando em Foz. Não sei se é a idade ou os mais de 14 mil km percorridos, mas está doendo tudo, a bunda, o ombro direito, as mãos inchadas e dormentes, fora as câimbras nas pernas.

Mais dois dias e estarei em BH!!!   

 

 

21/01 – Destino a um Chop gelado

 

Foz do Iguaçu – Ribeirão Preto

Km Rodados – 1.023

Km acum –  15.198

 

 

22/01 – Expedição cocluida

 

Ribeirão - BH

Km Rodados – 521

Km acum – 15.719